O Ministério da Saúde Espiritual adverte:

Seja o teu sim, sim e o teu não, não.
Porque os que não forem quentes nem frios serão vomitados.

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Livros de Papel: Futuro Menos Incerto do Que se Pensa

Em 1992, quando chegaram ao mercado os primeiros software multimídia verdadeiramente funcionais para PCs com MS-Windows, alguns pseudoprofetas vaticinaram o fim do livro de papel. Para eles, a partir daquele tempo, toda a mídia impressa migraria para o formato CD-ROM em um ou dois anos, afinal um CD-ROM conseguia armazenar o equivalente a um metro cúbico de papel, ocupava bem menos espaço, era até ecológico em função da economia de papel, blá, blá, blá…
Lembro-me que muitas publicações impressas migraram parcial ou totalmente para o formato CD-ROM: Num saco plástico lacrado, vinha o CD-ROM com o conteúdo da revista, protegido por uma folha de papelão envolta num encarte à guisa de capa de revista. Quando olhei para aquele espasmo tecnológico todo, perguntei para mim mesmo: será que as pessoas vão ler isso em frente a um terminal de vídeo de 15 polegadas? Foi então que comecei a duvidar do fim do livro de papel.
Nesse mesmo ano, apresentei um projeto final para a cadeira de Marketing na universidade, sobre um modelo de transição para o mercado editorial – livrarias, bancas de jornais, etc. – que chamei à época de “Shopping Multimídia”. Eu propunha no projeto que as livrarias tradicionais se abrissem para a venda de LPs, CDs, VHS, software, acessórios de PCs, papelaria e de quebra tivessem um café, onde as pessoas pudessem se sentar e ler os livros (de papel).
O professor gostou da ideia e recomendou que eu reduzisse o calhamaço do projeto para uma monografia de no máximo 50 páginas e a inscrevesse num concurso de monografias sobre o varejo, promovido pela Confederação Nacional de Diretores Lojistas (CNDL). Aquela foi a minha primeira monografia – e talvez a mais significativa, pois me valeu como premio uma bolsa de estudos para pós-graduação, que em homenagem ao professor Fernando não poderia ser outra que não em Marketing, na PUC-RJ, que cursei com uma voracidade talvez nunca antes experimentada na minha vida.
Exatamente tres anos depois, a Livraria Saraiva implementava o modelo ali proposto, hoje conhecido como Megastore, em duas lojas, em Shopping Centers paulistanos, que rapidamente se tornaram as suas principais receitas de varejo. Dali para outras lojas em outras localidades foi um pulo, com um pequeno detalhe: os livros de papel continuam lá, estrelas do mix de produtos das megastores, bravamente convivendo com todas as novidades tecnológicas que vem e vão, obsoletas apenas seis meses depois de seu lançamento no mercado.
E os livros lá, impávidos colossos, imutáveis e no entanto sempre surpreendentes. Eu, que gosto de imitar Ruy Barbosa em seu hábito de fazer anotações nas margens das páginas dos livros, não consigo me imaginar fazendo isso na tela de um iPAD ou um Kindle.

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