O Ministério da Saúde Espiritual adverte:

Seja o teu sim, sim e o teu não, não.
Porque os que não forem quentes nem frios serão vomitados.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Se o exemplo não vem de quem elege, virá de quem é eleito?


Ontem fui levar meus dois garotos - 14 e 7 - para fazer as cadeiras de identidade e experimentei o que é ser submetido a uma estrutura organizacional sem meritocracia, cheia de feudos de poder, muitas vezes do tamanho de uma mesa e uma cadeira. 


O nosso atendente tinha uma atitude entediada, blasé. Ele conseguiu me fazer sair correndo por tres vezes pela rua, atrás de pendencias que ele poderia ter informado todas de uma vez, em vez de solicitá-las aos pouquinhos, a fim de fazer com que o nosso atendimento se alongasse até o fim do seu expediente, às 16h00. E ele ficava repetindo: "Calma, pai! Dá tempo, sim!" 


Só que havia uma fila aguardando atendimento e ele simplesmente os mandou embora às 15h55 pois não conseguiria atende-los.

Ficar depois da hora para acabar com a fila? Nem pensar! 

Ele era funcionário público? Não! 

Apenas trabalhava num posto conveniado ao Instituto Felix Pacheco, que é o órgão oficial de documentação no estado do Rio de Janeiro, esse sim, com funcionários públicos.

O que dizer então de empresas que nenhuma relação tem com o governo e mantém cabides de emprego? Os motivos são os mesmos: alianças políticas (não-governamentais), parentesco, relações ilícitas, etc. 


Se o exemplo não vem de quem elege, como cobrar dos eleitos uma postura diferente? (Hmmm...)


quinta-feira, 4 de março de 2010

Quando a falta de opção política é bom sinal


A política, não só a governamental, mas empresarial também, tem essa coisa de não enxergar DE PROPÓSITO os avanços conquistados e só enxergar o que não foi feito ou mal feito, apesar dos detratores serem muitas vezes os principais beneficiários desses avanços.

É paradoxal chegarmos num ano de eleições com um quadro economico e social promissor para o país e ao mesmo tempo tão carentes de opções eleitorais.

Mas se nos detivermos mais um pouco sobre este cenário, veremos uma mensagem clara: os partidos políticos já percebem que não tem adiantado maquiar um fantoche e chama-lo de candidato para obter vitória nas urnas. 


Eles estão sem opção mas ainda tentam nos empurrar como solução o entulho político de que já deveriam ter se livrado já nas últimas eleições. Eles ainda não tem quadros preparados para este tempo que despontou no final de 2008. O velho modelo faliu e eles ainda tentam ressuscita-lo para mais uma rodada de maquiagem, mas a verdade é que eles estão sem alternativa. Estamos literalmente na hora da xepa dessa feira livre política.

Creio fortemente que os avanços tecnológicos dos quais sou um dos orgulhosos agentes ativos nas últimas duas, quase tres décadas (!!!) tem possibilitado o rastreamento de toda essa sujeirada que, por tempo mais que o suportável, tem vampirizado este país.

Ainda há muito a ser feito, mas a trilha já é visível. A nova geração de políticos deve ser um pouco melhor do que a que descerá pelo ralo nessas eleições. Se não, vejamos...

quarta-feira, 3 de março de 2010

E disse Lula: Removam a pedra do túmulo da Telebras!

Só para constar, ainda sobre a ressurreição da Telebras:


1. TODAS as operadoras americanas que se lançaram à exploração do mercado de serviços de telecom no Brasil saíram daqui com o rabo entre as pernas cerca de dois anos depois de iniciarem suas operações.


2. As compradoras que acreditaram na compra de operadoras de longa distancia cedo perceberam o MICO em que se meteram. Uma operadora de longa distância demanda menos gente e muita inteligência (formação, especialização, expertise, visão estratégica, etc.) de seus colaboradores. No entanto, elas não tem a visão de negócios suficiente para tornar uma operação de longa distância em operadora de serviços locais. Depender eternamente da última milha das operadoras locais para fechar um negócio é duríssimo. Vide Embratel, ex-americana, hoje nas mãos de mexicanos e ainda tateando na penumbra (já não está tão escuro) para emplacar serviços locais. Vide Intelig, espelho da Embratel, antes formada por franceses, alemães e italianos, hoje com os franceses jogando "solitaire" e buscando quem a compre. Vide Vesper, espelho da Telemar, que sequer decolou. Decididamente, é mais fácil crescer uma operação local e torna-la em operadora LDN e LDI do que o inverso.


3. A proposta inicial - acredite quem quiser - é tornar a "ressurrecta" Telebras na operadora banda larga dos pobres, ou seja, em tese - acredite quem quiser, ou não, já diria Caetano - ela só vai explorar segmentos indesejados para as atuais operadoras, que não tem em suas cestas de serviços algo voltado para as classes C e D em termos de banda larga. Eis aí o problema: a classe C de 2010 nem de longe se assemelha à classe C de 1998 e seu poder de compra é infinitamente maior, o que pode provocar uma certa dor de cotovelo nas operadoras já estabelecidas, principalmente aquelas que não acreditaram no crescimento do país e privilegiaram o filé das classes A e B.


4. Se as operadoras estabelecidas tivessem cumprido o compromisso de atender as localidades remotas e mais pobres com serviços de integração, certamente que o governo não teria mandado remover a pedra do túmulo para ressuscitar Lázaro... quero dizer, a Telebras. Certamente que também os serviços do tipo Gatonet e Piratanet não teriam explodido nas metrópoles, levando TV por assinatura às comunidades carentes. Não é ridículo? Eu NÃO moro numa comunidade carente, mas não consigo assinar a NET, mas o ascensorista de um prédio que visitei assiste aos jogos do Flamengo pela Gatonet no canal que seria do "Pay-per-View", que já vem incluso no "pacote padrão" da operadora pirata. Viabilidade técnica? Arrumem outra desculpa, senhores! 


Voces querem economia de mercado? Pois tomem livre competição tres vezes ao dia e voltem em uma semana para novos exames!

terça-feira, 2 de março de 2010

A Volta da Telebras - Os Fantasmas se Divertem

Quando em 1998 o governo privatizou as Telecomunicações, um dos argumentos de vendas seria a competição que baixaria os preços e aumentaria o acesso. Hoje temos competição acirrada nas operadoras de serviços móveis, TV por assinatura e provedores de internet. 


Estamos em pleno processo de oligopolização privada, com a saída de várias operadoras e a concentração do mercado numa "meia dúzia de três ou quatro" operadoras de origem espanhola, italiana e... brasileira.


A ressurreição da Telebras é a cara do PT. É também o instrumento de pressão que a ANATEL nunca conseguiu ser, pois a ela caber apenas regular uma torneira que parece apertada demais para a força de suas mãos. Uma operadora estatal de internet banda larga é mais um competidor> Lógico que teremos uma chiadeira sem precedentes. Mas isso é só o começo desse jogo de xadrez, que promete emoções fortes antes do fim do primeiro tempo.


Estamos tratando de internet banda larga, a "cama" onde praticamente todos os novos serviços de telecomunicações se deitarão nos próximos anos, apesar de toda a "insegurança, falta de confiabilidade, blá, blá, blá" que envolve tudo que tiver um http://, https://, ftp:/, sip:// na frente do endereço.


Ano de eleições, campanhas nas ruas. Os próximos capítulos não serão definidos em outro lugar senão nas urnas. Quem for contra, além de votar bem, terá que dar suporte aos candidatos escolhidos. Quem for a favor, idem ibidem, talvez com menos esforço, mas ainda com esforço.


Ao trabalho, senhores.

Che e os Maricóns, 50 anos depois [BizRevolution]

Acabo de ler o artigo "Che e os Maricóns", direto do [BizRevolution], disponível em http://bit.ly/bRDZbr


De fato, a se aprender com Che Guevara temos "pouca coisa". Senão vejamos:

1. Até 1959, Cuba era uma ilha prostíbulo, onde americanos iam usufruir de uma licenciosidade moral de que não usufruíam em sua terra natal. Cuba jamais chegaria a qualquer outro estágio como nação nas mãos dos americanos. Quando muito, seria mais um território anexado, com cidadãos de terceira classe, de maioria esmagada (não esmagadora) negra. Lembremo-nos de como os negros eram tratados nos EUA, por exemplo, em 1968, nove anos depois da revolução, quando o Reverendo Martin Luther King pregou o seu magnífico "I have a dream". A Revolução Cubana foi o sonho mais impossível de ser alcançado, como se comprova hoje: era a escolha entre ser "pobre, miserável e dominado pelas potências militares mundiais" e ser "pobre e miserável com suas próprias forças", pois mesmo a vitória militar não se converteu em vitória geográfica: os EUA continuaram ali, a uma Miami de distância, além de determinar ao mundo o bloqueio econômico que TODOS sem exceção aceitaram de cabeça baixa, diante do poderio econômico e militar americano.

2. Até 1959, Cuba era uma fábrica de analfabetos em regime de semi-escravidão. A Revolução Cubana implantou um sistema educacional que rendeu a erradicação do analfabetismo, além de evoluções consideráveis no campo da medicina de doenças tropicais. O que Cuba alcançou em 50 anos, isolada, eternamente ameaçada por gigantes, convivendo com seus próprios erros - entenda-se que um grande revolucionário não é obrigatoriamente um excelente gestor - é de longe impressionante. O regime de Cuba fez valer o real custo de se ter liberdade: olha-se em volta e se tem muito pouco nas mãos para erguer um país, mas ainda assim eles se mantém. Chega a ser fácil imaginar o que seria daquele minúsculo país se não houvesse o bloqueio econômico imposto pelos EUA.Talvez até mesmo a aliança firmada com a extinta URSS não existiria ou não teria tanta força. É preciso reconhecer que a dicotomia de poder entre EUA e URSS teve importância cabal no desenrolar da história cubana. Ignorar isso compromete qualquer posicionamento e o torna débil. Mas quando se detem um poderio militar como o americano e o soviético, quem liga para argumentos débeis ou fortes? Fale baixo e carregue um grande porrete, diriam.

3. Guevara e Castro se lançaram a buscar uma alternativa para a infâmia representada pelo governo Batista, patrocinado pela mesma iniciativa privada americana que assassinou Kennedy. Poderiam ter baixado a cabeça, mas não o fizeram. Escolheram tentar até a morte. Venceram pela escolha que fizeram. Minúsculos, puseram os dominadores infames para correr e ficaram com uma nação falida para gerir - outros escolheriam nada fazer a não ser sentar no cais e lamentar-se até a morte. Várias de suas escolhas como governantes vitoriosos não foram as mais felizes. Dir-se-ia que se fosse dado a um cubano escolher entre um carro zero em Cuba ou uma velha balsa a caminho de Miami, a maioria escolheria a segunda opção. A maioria mesmo?

4. Em breve estaremos assistindo ao funeral de Fidel Castro. Che Guevara morreu assassinado durante outra empreitada libertadora na Bolívia. As camisetas e bonés com a efígie de Guevara permanecem como ícone daqueles que escolhem a própria sorte, ainda que seja uma liberdade de pobreza e disciplina espartana como opção de sobrevivência alternativa a uma dominação infame.

5. Como lição final: Na guerra não há assassinos, apenas oponentes. Bom mesmo é não precisarmos recorrer à guerra.