O Ministério da Saúde Espiritual adverte:

Seja o teu sim, sim e o teu não, não.
Porque os que não forem quentes nem frios serão vomitados.

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Funcionários da plataforma da BP temiam por segurança

E então eu me pergunto:
  1. Se eles temiam pela segurança da plataforma, por que então não tomaram alguma providencia, tal como denunciar as condições de operação da plataforma?
  2. O que terá feito com que eles se omitissem quanto a essa denúncia?
  3. Por que justamente uma plataforma localizada numa região latina, não européia portanto, apresentou problema?
E então eu me respondo:
  1. O medo da demissão ou de sanções trabalhistas foi maior do que o medo de um desastre ecológico. Faz sentido? Faz, se o salário ali é algo melhor do que o da concorrencia ou melhor que o desemprego puro e simples.
  2. A ilusão que se tem quando se está amarrado a um trilho por onde passará um trem de carga. Podemos até ouvir o apito do trem, mas aí escolhemos fechar os olhos e fazer de conta que não há trem, até que o trem chega e nos atropela. Aí já não ouvimos mais apito algum.
  3. Porque a legislação e os contratos fechados nessa área, bem como a fiscalização, são mais "elásticos", por assim dizer. E afinal de contas, não é o mar territorial da Inglaterra, terra-mater da British Petroleum, que está sendo arruinado. Um desastre visto pela janela da sua casa é mais aterrorizante do que se for visto pela TV. A proximidade da tragédia assusta, enquanto a tragédia à distancia entretém, infelizmente. Por quantos anos não nos vangloriamos de sermos uma terra sem desastres naturais? Agora que eles se mudaram de mala e cuia para a terra brasilis, já não ficamos tão entretidos diante da tela da TV. É a história da pimenta nos olhos do vizinho.
Boa leitura.
Boa reflexão.
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Funcionários da plataforma da BP temiam por segurança

Le Monde
Os funcionários da BP que trabalhavam na plataforma Deepwater Horizon se mostravam preocupados com as condições de segurança a bordo, é o que indica uma pesquisa realizada antes da catástrofe que causou a maré negra no golfo do México, afirma o “New York Times” nesta quinta-feira (22).
A pesquisa realizada pela proprietária da plataforma, a Transocean, nas semanas que antecederam sua explosão no dia 20 de abril, indica que vários funcionários “muitas vezes constataram comportamentos que colocavam em risco a segurança na plataforma”.
“Mais necessidade de perfurar do que de garantir a manutenção”
Alguns funcionários se queixavam também da falta de confiabilidade da plataforma, que eles acreditavam ser “consequência da necessidade de perfurar, mais do que de garantir a manutenção necessária” dos equipamentos, segundo a pesquisa à qual o jornal teve acesso. O estudo foi conduzido por dois investigadores que estiveram na plataforma entre 12 e 16 de março para entrevistar cerca de 40 funcionários.
A pesquisa, que descreve as preocupações dos funcionários e explica seu silêncio sobre essas questões por medo de represálias, diz ainda que a plataforma “era relativamente segura em matéria de gestão humana da segurança”, especialmente graças ao bom “trabalho de equipe” a bordo.
Os sistemas de prevenção antiexplosão não eram inspecionados com a devida frequência
Um outro estudo de 112 páginas encomendado pela Transocean, sobre os componentes-chave da plataforma – como os sistemas de prevenção antiexplosão – mostra que esses equipamentos não foram totalmente examinados no decorrer da última década, sendo que as especificações preveem uma inspeção em uma frequência de três a cinco anos.
O porta-voz da Transocean, Guy Cantwell, confirmou que “houve um relatório”, sem dar mais detalhes. “Não temos nada a acrescentar no momento”, disse.
Tradução: Lana Lim

terça-feira, 27 de julho de 2010

A Crise Mundial e os Ventos de Doutrina

A Crise Mundial não é uma minissérie, mas uma novela extensa.
E os próximos capítulos podem ser aterrorizantes.
Uma oportunidade irresistível aos exploradores da fé no mundo todo.
A melhor proteção ainda é educar, formar mentalidades firmes em conhecimento e espiritualidade, capazes de questionar os ventos de doutrina - espiritual, economica e política - que já farejaram o desastre e estão se levantando de suas tumbas.
Boa leitura. Bom proveito.
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Economia global: Novas contribuições para o debate sobre as origens e consequências da crise - que não acabou.

Problemas de um sistema que depende de bolhas

    Por Cyro Andrade, de São Paulo - 27/07/2010
"The Recent Financial Crisis, Financial Regulation and Global Impact"
Silvia Costanti/Valor
Foto Destaque
José Luis Oreiro: "A crise não ocorre apenas por falha de regulamentação, mas também por um problema estrutural que é típico do capitalismo"
Edição de Philip Arestis, Rogério Sobreira e José Luis Oreiro. Palgrave. 2 volumes, 512 págs. A publicar.
O fim dos cortes de impostos estabelecidos no governo de George W. Bush deve esquentar a campanha eleitoral deste ano nos Estados Unidos. Não é pouco: o que Barack Obama e o Congresso decidirem pôr no lugar das regras vigentes terá profundas implicações fiscais nos próximos anos.Mais que isso, os debates sobre a questão tributária devem antecipar os contornos da agenda política em aspectos especialmente sensíveis, como o tamanho do governo e os modos de se conduzir a recuperação da economia, ainda mal refeita dos efeitos da crise.
Convém acompanhar esse encadeamento de temas, debates e decisões de governo, para avaliar até que ponto fincou raízes no centro do mundo capitalista, a partir da generalizada opção por políticas fiscais ativas, a renovação dos modos de se compreender o que devam ser as relações entre governos e mercados, quando se trata de administrar crises e procurar o caminho da estabilização econômica. Não se está falando, é claro, da salvação de bancos com injeções ciclópicas de dinheiro público - artifício de ocasião cuja inevitabilidade nasceu da leniência com que se via a criatividade operacional dos mercados.
Ideias e propostas para discussão já preenchem inumeráveis páginas de "papers" e livros, como este "The Recent Financial Crisis, Financial Regulation and Global Impact". E mais ainda se continuará a produzir, por certo. 

Não faltam razões: 
(1) a crise não terminou, e deverá ter efeitos duradouros, principalmente na Europa e Estados Unidos; 
(2) ainda não se consolidou a compreensão a respeito das origens e possíveis desdobramentos da crise; 
(3) apenas se ensaia a busca de entendimento sobre o que deva ser uma regulamentação do sistema financeiro global.

De quebra, há o fato de que o pensamento teórico não ortodoxo encontrou, com a crise e as reações a la Keynes de vários governos, o clima de que precisava para ampliar sua presença na argumentação anti-"mainstream" - conquista de que seus porta-vozes não vão querer abrir mão. É um espaço, esse do mercado de ideias (e influências políticas), em que o confronto de posições teóricas e opiniões sempre será salutar. Para quem pretende formar juízo próprio, a hora é particularmente boa, com possibilidades de comparação antes abafadas pela ortodoxia tida como de validade incontestável. O mundo ficou mais plural.
"The Recent Financial Crisis..." traz novas contribuições para o debate que se originam em áreas intelectuais externas ao pensamento e às teorizações convencionais. A oportunidade, diz José Luis Oreiro, um dos editores do livro, é dada pela necessidade de se repor a questão da reforma do sistema financeiro em seu lugar de importância original. "O foco do problema passou a ser a questão fiscal. Claro, é preciso fazer um ajuste na Grécia, na Espanha etc., mas as pessoas estão esquecendo que todo esse 'imbroglio' foi gestado pela desregulação dos mercados, sim, mas conjugada a um padrão de capitalismo que depende de bolhas para o crescimento."
Oreiro recorre o que disse em artigo, a respeito desse padrão, o economista Thomas Palley (que em agosto estará em São Paulo para participar da III Conferência Internacional da Associação Keynesiana Brasileira): "A participação dos salários está em queda, ou seja, a distribuição de renda piora, no mundo, ao mesmo tempo que os países do Sudeste Asiático acumulam superávits em conta corrente e reservas em dólar. Com isso, não há saída para a economia americana que não seja crescer com base em consumo puxado por endividamento e inflação de ativos. A crise não ocorre apenas por falha de regulamentação, mas também por um problema estrutural."
Da última vez em que o mundo se viu em apuros dessa dimensão foi necessário chegar a uma guerra para o sistema financeiro internacional ser, enfim, reorganizado, lembra Oreiro. Hoje, o caminho possível passa pela recuperação da economia mundial em primeiro lugar, o que dará as condições políticas para, na sequência, se discutir e fazer a reforma. "E para isso serão necessários anos, não alguns meses." Oreiro observa que não se trata apenas de criar um novo sistema financeiro, mas também de instituir uma nova divisão internacional do trabalho, que funcionaria como uma espécie de cunha modificadora do tal padrão de geração de demanda agregada. "Não é mais possível", diz Oreiro, "que os Estados Unidos continuem a ser a única economia compradora de última instância. A China tem que caminhar para elevar seu consumo. A própria Alemanha, por exemplo, tem que repensar seu papel dentro da União Europeia."
Oreiro acha que os governos "estão se deixando levar pelo terrorismo do mercado", que pressiona por uma saída rápida da situação de largueza fiscal que os programas de salvamento e ativação econômica criaram em vários países, a começar pelos Estados Unidos. Não é o caso, diz Oreiro. "Nos países desenvolvidos como um todo, o setor privado fez seu ajuste, e agora é superavitário. Essa poupança não tem como ser canalizada para as economias emergentes, também superavitárias. Só lhe restam os títulos que financiam os déficits do setor público." Não haveria, portanto, motivo para pressa no acerto fiscal.

sábado, 17 de julho de 2010

Enquanto EUA e Europa choram o petróleo derramado…

Falam do Brasil estar na contramão da história por insistir na exploração de petróleo em águas profundas, enquanto EUA e Europa paralisam suas operações para repensar seu futuro. Tudo isso é fruto do acidente no poço da British Petroleum na costa americana. Acusam-nos de excesso de confiança. 


Não se trata de excesso de confiança. Quem conhece a Petrobras sabe da seriedade como são guiados os projetos por lá. Na verdade a notícia mostra que até certo ponto estamos “descolados” da realidade dos EUA e Europa, o que é um sinal no mínimo intrigante, senão vejamos: 

  • No século XIX, os EUA não eram potencia economica ou militar. Esse posto cabia ao Reino Unido. 
  • Chegando ao século XX, o advento da 1ª Guerra Mundial (1914-1918) arruinou a economia da Europa. Sobrou para o vizinho próspero mais próximo no Hemisfério Norte – sim, os EUA -, que aí experimentaram um crescimento explosivo, sendo alçados à categoria de potencia economica, ao tornarem-se o principal credor (empréstimos para reerguer a Europa) e principal exportador para a Europa arruinada. Sim, a Europa precisava de dinheiro e materiais para se reerguer. E os EUA estavam logo ali. 
  • A 2ª Guerra Mundial (1938-1945) alçou os EUA ao patamar de potencia militar, com a recém-formada URSS. A sequencia de conflitos internacionais localizados na Europa desde 1914, aliada ao fato que a economia americana era voltada prioritariamente para atendimento do mercado interno – “descolada” da realidade européia, portanto – formaram a mola mestra da ascenção americana. Note-se que os EUA só se envolveram militarmente no conflito a partir do ataque japones a Pearl Harbor, já na segunda metade do conflito. 
Anos atrás, “experts” reclamavam que a economia brasileira era muito fechada, que deveria se abrir mais. O resultado está aí: nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Nem tão perto, nem tão longe. Nem muito lento, nem muito rápido. Este parece ser o ponto ideal. 


Uma vez que a crise de 2008 ainda nos trará um repique típico dos grandes terremotos ainda em 2010, vale a pena aguardar os próximos seis meses e ver no que dará. 


Enquanto isso, trabalhemos com força e com vontade neste início de século XXI.